terça-feira, 12 de julho de 2016

Deficientes & Velhos

Dontcha - The Internet
Na minha cabeça há 2 anos


Há coisas que me ultrapassam.

Um ambiente ideal é aquele em que te sentes bem, em que te sentes tu e em que te fazem, ou faz, sentir bem. Existe um ambiente confortável, aquele em que estás, apenas sendo, existindo, um ambiente diferente para nós, em que de alguma forma nos sentimos fora da nossa zona de conforto, existe um ambiente não propício para ninguém, em que não te enquadras.

Existem pessoas que não se enquadram, seja num grupo de pessoas, na escola, no trabalho, na sociedade… Mas facilmente podemos sair deste funk ou não? Acaba por ser uma questão de personalidade ou postura para muitos de nós certo? É-nos fácil mudar, se não tivermos uma força maior que nos impeça, somos livres de nos adaptar e deixar-nos estar confortáveis ou então, simplesmente mudar, certo?

Acredito, que para nós (quando digo nós, falo de nós, pessoas que se adaptam e mudam consoante o ambiente que nos rodeia), seja fácil, relativamente fácil talvez, mas tenho uma grande questão que me faz pensar no que raio se passa neste país e noutros países em que certas coisas acontecem.

Deficientes e velhos não têm lugar nesta sociedade.

Vejo, deficientes (e vou dizer assim, pois é aquela palavra meio tabu, que nem eu própria sei se devo mesmo dizer, também me sinto um pouco desconfortável, mas facilmente me adapto, se existe a palavra, é porque é algo real) e velhos largados na sociedade.

LARGADOS!

Realço aqui esta palavra porque é o que sinto que acontece, vejo deficientes a limpar ruas, ou a fazer trabalho de jardinagem, whatever, sinto que não o fazem porque os preencha, mas sim porque lá os largaram, como se não tivessem um propósito nesta terra, como se não tivessem lugar nesta sociedade, como se não tivessem outras vontades, tenho a certeza que terão, e não digo que não possam ter vontade de ver as nossas ruas mais limpas, mas aquilo que eu vejo regularmente, e principalmente perto de onde trabalho, é um autocarro chegar, cheio de deficientes, largando-os lá, para fazerem a apanha do lixo, cortar as ervas daninhas, varrer as folhas mortas, etc. Sei que não é a sua vontade, porque vejo as suas caras de “OK, mandaram-me fazer isto, vou fazer”, quase como se não soubessem sequer que podem fazer uma objeção a isso, talvez não saibam, mas faz-me imensa confusão ver isto…

Nos lares ou instituições similares, estão os velhos e/ou outras pessoas incapacitadas. Os horários de visita são sempre muito complicados, e são bastante reduzidos, algo que no início, é um período muito complicado de adaptação para os velhos e seus familiares, mas todas aquelas horas em que não têm visitas, em grande parte destas instituições, os velhos estão a dormir, ou a ver TV, de vez em quando há uma atividade ou outra, mas não será, com certeza a forma mais dinâmica de ocupar estes velhos. Isto também me faz confusão…

Faz-me confusão termos recursos e não os usarmos, faz-me confusão largarmos os deficientes assim, e largarmos os velhos assim!

Existe um curso, super engraçado, chamado é Animação e Intervenção Socio-cultural (no Instituto Politécnico de Setúbal, na Escola Superior de Educação, é precisamente este o nome da licenciatura, para o caso de estarem interessados, contrariamente ao que muitos pensam, não é um curso só para a palhaçada, tem muito mais do que isso), portanto eu sei que temos pessoas formadas para poderem dar motivação, ânimo, ocupações, etc. a deficientes e velhos. Então, porque raio os estamos a largar?

Existem pessoas que se voluntariam para animarem, desenvolver atividades, pôr estas pessoas a mexer, pôr estas pessoas com um propósito nesta terra. Então, porque raio os estamos a largar? Passa a ser uma das minhas resoluções! Este ano e no futuro! Recuso-me a olhar para isto assim.

O meu chefe a ler isto, com certeza diria “Lá está a Patrícia sindicalista outra vez!”, às vezes tenho disto, mas o que estou a dizer faz sentido ou não?

Quantos deficientes e velhos não vêm na terra de uma forma que parece que não têm propósito, ou que parece que não têm direito como nós, pessoas que facilmente se adaptam ou mudam, a procurar ou ter algo na vida que os mova ou motive?


Assim termino, vou continuar a pensar nisto e procurar formas de entrar no sistema, não vou ser sindicalista, mas uma ajuda ou outra não custa certo? Não me custará com certeza procurar formas de enquadrar estas pessoas na sociedade certo? Acredito que não!

Acompanhem-me também no Facebook e Instagram

4 comentários:

  1. Gostei imenso das tuas palavras, 100% verdade!
    with love, KATE ❤

    ResponderEliminar
  2. Isto tocou mesmo ca no fundo...uma crua e infeliz verdade! Infelizmente este é também um problema de principios nesta sociedade...porque no principio dessa linha de "largada" e até mesmo abandono estão as próprias famílias!

    ResponderEliminar
  3. Amei o post! Tens um grande blog, Parabéns :)

    http://10metrosdouniverso.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  4. O grande problema é que a nossa sociedade não vê para além do seu umbigo. So sad!

    ResponderEliminar