sábado, 31 de janeiro de 2015

O Metro numa semana

Todos os dias, sou levada ao escritório pelo Metropolitano de Lisboa. De um lado para o outro, de linha em linha, de carruagem em carruagem, lá vou eu para uma semana de trabalho.


À segunda-feira, para mim o pior dia da semana, sou aquela miúda que encontram no metro, e das duas uma, ou vou a dormir, ou encarno um autentico zombie. Chego ao escritório de manhã com uma cara muito pouco amigável.
"Então Patrícia, como foi o fim de semana?"
Secamente respondo:
"Foi bom."

Os meus fins de semana são ótimos, mas à segunda-feira sou tão infeliz por já não ser fim de semana... Tenho que resolver isto! Acredito veemente que o fim de semana deveria ter três dias... Que sonho! Um dia...

A quarta-feira já altera o meu sentido de humor, vou no metro e parece que todas as pessoas têm sorrisos de orelha a orelha, feitos de arco-íris. Não me sai da cabeça - mais dois dias e é fim de semana! Uau! Isto é viver em constante antecipação não?!
Muito mais desperta, já a ganhar o ritmo já vou atenta. Conversas alheias, pessoas com um calçado estranho, apercebi-me também de uma rapariga que estava a ter um ataque de asma, ofereci-lhe ajuda, ela tinha a bomba, acredito que esteja bem! Ao fundo ouve-se:
"Tenha a boa vontade de me auxiliar.

Tenha a boa vontade de me auxiliar."
Já os conheço a todos, são tão poucos os que oferecem uma moedinha. Confesso que também não dou moedinha...

É sexta-feira! Este sim, é o melhor dia da semana.
Começo às seis e pouco da manhã, vou para o ginásio, faço o meu treino, vou para o metro acompanhada do meu saco do ginásio. Juntos somos uns gordos!!!
Neste dia, quem tem um sorriso rasgado sou eu! O resto das pessoas, eu já as vejo com um ar carrancudo, e cansado. Algumas dessas pessoas ficam com este ar depois de eu, juntamente com o meu saco, gordos como tudo, esbarrarmos contra elas.

"Peço desculpa!"

Alguns não ligam, alguns sorriem incomodamente, alguns permanecem carrancudos... É sexta-feira, as pessoas estão cansadas de um longo dia de semana, mas... O fim de semana está aí à porta!!!




O Calçado estranho que mencionei!
Terminei a minha sexta-feira com um cinema com as amigas, A Teoria de Tudo. Recomendo vivamente!


* Bom fim de semana *

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A Oficiosa!

Bem... Por onde começar?! Segunda-feira! Um novo dia, uma nova semana, baterias "carregadíssimas", energia a transbordar...

Mas como nem tudo corre bem neste mundo, esta segunda-feira também não é exceção. Em menos de uma hora do meu dia de trabalho, surge A Oficiosa. Oficiosos são pessoas a quem o estado atribui advogados por não terem possibilidades financeiras para pagar um advogado, pelo que obtêm os serviços do escritório de advogados que lhes é atribuído completamente gratuito, responsabilidade social portanto...

Pois bem, não sou advogada, mas esta Oficiosa bem teve o seu jeitinho de me enervar durante o dia. Eu, Patrícia, querida, disponível, simpática a querer ajudar:
"Senhora oficiosa, eu fiz tudo o que podia, nada mais posso fazer."
Condescendentemente, a Oficiosa:
"Mas Dra. Patrícia, a minha vida está pendente por causa disto, isto é inadmissível!!!"
Durante toda uma manhã, a Senhora Oficiosa, ligou incessantemente para o nosso escritório. Eu, calma e ponderada... Perdi a postura! Então tanto da minha parte como do próprio escritório, o trabalho estava feito e bem feito, mas a Senhora Oficiosa insistia que não.

Chegamos ao fim de um dia em que o problema da Senhora Oficiosa nunca tinha sido um problema. O problema era sim, a sua educação e também a falta de rigor, sim, porque foi-lhe dito 1000 vezes que a questão dela estava resolvida. A Senhora Oficiosa estava e sempre esteve errada, mas somente ao final do dia o percebeu. Gritara sem fundamento. Nem um único pedido de desculpas nem um:
"Obrigada por solucionar todos os meus problemas, obrigada por trabalharem gratuitamente para me ajudar!" 
Nada!

Chorar ou rir? Bem, vou-me rir que ainda faltam 4 dias para o final da semana!



P.S.: Esta semana, é semana de entrevista! 
Wish me luck!


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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Referências, Recomendações e Cunhas

Desde o início da minha vida académica que convivo com jovens com vidas bastantes diferente. Diferentes muito pelos pais que temos. Seja pela educação que os nossos pais nos dão, ou por aquilo que eles nos dão, e até mesmo por quem são.

Estudei um ano numa Universidade Privada, e o resto da minha louca vida académica foi passado em Setúbal, numa Instituição Pública. Reparei que uma situação era recorrente na vida dos diferentes jovens que conheci. Estamos todos à espera que, no final da licenciatura, alguém nos ajude.
"Andamos a estudar para ser operadores de caixa no supermercado."
É verdade! A maior parte das pessoas que nos atendem em qualquer balcão têm formação não equivalente (para não falar que é totalmente desenquadrada) à função exercida. Então andamos todos a tentar fugir desta situação.
"O meu pai é banqueiro, de certeza que me arranja lá qualquer coisa."
"Os meus pais têm esta empresa, então eu estou neste curso para, um dia mais tarde, assumir as rédeas da empresa."
"Uns amigos da minha família já me disseram que me põem nos quadros da fábrica quando terminar o curso."
Estas histórias são repetem-se e existem n exemplos. A verdade é que muitos daqueles que "singram" têm ali um "empurrão".  Esta situação só nos impinge uma coisa na cabeça:
"Sem cunhas, não vais a lado nenhum!"
Eu própria, sou fruto desta situação, tenho o meu trabalho atual, porque tive uma cunha do local onde estagiei. Claro que se não tivesse trabalhado bem, nunca ninguém me recomendaria a ninguém. Mas e se eu não tivesse tido a recomendação que tive?

Muito orgulhosamente posso afirmar que tenho uma carta de recomendação do departamento de Marketing de uma grande empresa.

E muito humildemente afirmo:
"Eu sou filha de um empregado fabril e de uma operadora de supermercado!"
Tenho muito orgulho nos meus queridos pais! Sempre me apoiaram em tudo, mas não me conseguem pôr numa grande empresa...

Sempre tive esta convicção e cada vez é mais firme, de que o mundo é feito de uns grandes peixes, chamam-se tubarões!

Sem referências, recomendações ou cunhas, é um ligeiramente mais complicado... Mas não impossível!







quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A Entrevista

Trabalho já há seis anos, o trabalho tem sido sempre com um objetivo: pagar as minhas contas temporárias. Digo temporárias por serem coisas como tirar a carta, estudar e outros objetivos de lazer associados à minha miúda idade.

Agora que tenho um emprego, continuo à procura de algo que se adeque mais a mim, afinal de contas, quero exercer o meu Marketing. Na minha diária caça ao emprego ideal, deparo-me com um anúncio que mereceu toda a minha atenção desperta. Os requesitos incidiam muito na análise de tendências de mercado, a localização da empresa era ótima, um pouco mais perto de casa, mas havia um red flag, "remuneração motivacional". Que tipo de remuneração seria?

Bem, a entrevista não era entrevista, mas uma formação (ou INformação como o senhor tanto repetiu). Conforme o tempo passava, aquela oferta perdia mais e mais atratividade, o cargo descrito em nada coincidia com o anúncio publicado. Definiram o que era um Trader, muito bem o explicaram, mas parece-me que muito mal o exercem. Anunciaram como Trade Marketing, mas assemelho o Trade deles mais dealing, um jogo com o dinheiro dos outros - "Investimentos" - dizia ele.

A verdade é que esta função nada tinha a ver comigo, nem com o meu emprego ideal, há sim diferentes definições e tipos de Traders, mas nesta empresa, era no mínimo insólita, as coisas não estavam a bater certo.

No final daquela INformação, o senhor perguntou a mim e às restantes pessoas na sala as nossas opiniões, no meio do silêncio constrangedor eu verbalizei a minha opinião, por mais que aquela oferta fosse interessante para muitos, para mim não me interessava.

"Não me identifico O anúncio não corresponde ao cargo que  o senhor está a descrever  Obrigada, mas não estou interessada."
 Sou imediatamente arrebatada pelo senhor,

"Sabe menina, eu já tive a sua idade Nunca diga que isto ou aquilo não é para si Na vida, temos que trabalhar As oportunidades surgem muito poucas vezes na vida, e este é o maior erro da sua vida."
A propósito, já mencionei que aquele emprego exigia um período de formação inicial de um mês em que teria que pagar o simbólico valor de 246,00? A minha remuneração motivacional seria um crédito de 5000,00 para eu poder brincar com o dinheiro, fazendo eu, o meu próprio salário. As propostas continuavam a surpreender-me.

Senti-me julgada pela minha idade, ou pela minha aparência de pessoa muito jovem, com pouca experiência de vida. Provavelmente pisei-lhe os calos expressando a minha opinião, provavelmente influenciei também os restantes candidatos. Ninguém aceitou aquela oferta.

Sou uma miúda,  e então? Tendo a noção que ainda tenho muito a aprender no mundo professional, acredito na existência de uma enorme condescendência com o factor da idade na sociedade portuguesa. Sendo que há o velho demais e o novo demais.





Que venha a próxima entrevista!

domingo, 4 de janeiro de 2015

Incrivelmente recém licenciada!

O meu nome é Patrícia. Sou uma jovem de 23 anos e sou incrivelmente recém licenciada! Parece-me importante salientar que sou incrivelmente recém licenciada. Ora vou enquadrar.

No passado dia 1 de junho, realizou-se a Queima das Fitas da minha faculdade, em Setúbal, foi um momento em que toda a realidade caíu sobre os meus pés, tanto nos meus como nos restantes centenas de alunos que celebravam naquele dia o fim de uma vida académica onde fizeram amizades para a vida, onde ganharam conhecimentos técnicos daquilo que, à partida, iriam praticar no mercado do trabalho, onde tanto Moscatel beberam, ganhando um gosto especial que para sempre trará nostalgia... Neste domingo, tantas preocupações eu tinha na minha cabeça:


"Com tanta confusão, será que consigo arranjar um sítio para estacionar o carro?" "Será que devia levar uns ténis para não conduzir com os malditos sapatos do traje?" "Será que vou chorar tanto que irei ficar horrível nas fotografias que marcam este dia?"...

Enfim, tantas questões, a minha mente divagava entre mil assuntos e a mil à hora. Mas havia uma questão muito importante, que estava constantemente a martelar a minha massa cinzenta.


"O.K., estou a meio do meu estágio, assim que o terminar faço a apresentação do relatório e Voilá, aqui estou eu, Patrícia, incrivelmente recém licenciada!"

Pois bem, passaram uns meses e depois de terminar o meu estágio, que só me confirmou a minha paixão pela área do Marketing e da Comunicação, depois de fazer a minha apresentação, em que recebi elogios que me dão força, sou completamente atirada e arrebatada para a realidade. 


"Patrícia, agora já não há desculpa, já não estás a estudar, já não precisas de um trabalho simplesmente para pagar os estudos, agora sim, agora sim! Agora um trabalho que te faça usar toda a tua criatividade e todos os conhecimentos que aprendeste.". 

Pois bem, não é segredo para ninguém mas... Como dizer isto? O nosso país... Este país... Portugal não é um dos países mais fáceis para encontrar um emprego na área na qual dedicaste 3 anos da tua vida a perceber e compreender. Não é surpresa para ninguém claro. Mas porque não fazer um teste? E se, eu registasse digitalmente a minha jornada enquanto jovem incrivelmente recém licenciada à procura do meu sucesso. Sei lá, que tenho eu a perder? Pode até ajudar-me. Mais tarde, irei olhar e ver tudo enquanto retrospetiva.


Não me alongando muito mais, atualmente trabalho como assistente num escritório de advogados, tudo a ver com a minha grande paixão de Marketing e Comuncicação... Meh. Talvez não, mas é um começo da minha vida profissional pós-licenciatura. Entretanto, vou sempre enviando CV's para outras entidades, é uma realidade deste país, é tudo tão complicado, mas e se eu der a volta a esta "realidade"? E se eu puder finalmente dizer que sou uma Marketeer e não apenas uma jovem incrivelmente recém licenciada?